domingo, 7 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vazio

Fiz ontem 51 anos. Eu sei que há muitas pessoas que se encontram em pior situação que a aquela em que eu me encontro, muitas mesmo morreram antes de completar esta idade , logo não devia sequer estar aqui sentando se a ideia é a lamúria. A verdade é que , talvez como escape , aqui venha fazer isso mesmo: lamentar - me da sorte e das escolhas erradas que fiz ao longo da vida e que me conduziram a esta situação. A verdade é que há muito não sentia um vazio tão profundo .

Idiota

Onde tinha a cabeça quando tomei a decisao que tomei?

domingo, 24 de outubro de 2010

Dilema

Como sair deste buraco?
Impossível continuar aqui pouco viável sair daqui. Como resolvo esta equação?

domingo, 17 de outubro de 2010

Comer Orar e Amar

Nada de mais importante haverá que a amizade. Talvez o amor , dir - me - ão , mesmo sabendo a dor que nos pode trazer. A solidariedade é uma parte da amizade, creio. Os elos que unem as pessoas , aqueles puros , despidos de preconceitos e de interesses que para mim , mesmo que seja só a um nível etéreo e imaginado, desaguam na amizade , a amizade cheia de solidariedade  , são o que verdadeiramente conta. Certo? Mas ,será que existem? ou serão um mito que a literatura e o cinema nos criaram desde a nossa infância?

Vejo muitos compatriotas , compatriotas no sentido de que partilham o mesmo planeta , que vivem acreditando que esses filamentos de verdade e de fé existem e que são eles que sustentam toda a sua existência , que são o alimento e o calor . Dou por mim a pensar , por isso , que talvez seja eu , só eu,  que não mais acredita em nada , nem nele próprio , nem no outro , nem em Deus e defende que tudo isto , a vida , não passa de uma fantochada , de uma belíssíma e bem planeada ópera bufa  levada à cena por um sádico ou sádica ociosos e ávidos de retirarem um prazer inominável e medonho da observação da nossa lenta e solitária caminhada em direcção ao deserto que parece que é o que a morte é.

Não sei. Sei que , a grande maioria do tempo sou um céptico praticante que , de vez em quando , seja no meio do silêncio de uma igreja , diante de uma tela de cinema , lendo uma página de boa literatura , em frente ao mar , num jantar de família , sentado em circunstâncias de férias , entre amigos , numa brincadeira com crianças , se interroga e se questiona , parecendo querer  vislumbrar os ditos filamentos de vida e de fé , de esperança e de crença , de solidariedade , de pura e desinteressada companhia humana. Quer acreditar. Diz ao  mais intimo de si que afinal a solidariedade existe e que tudo o que o Homem fez até hoje tem um sentido espiritual forte , que talvez o amor exista e seja benfazejo, que o dinheiro foi apenas criado pelo espirito de competição e de jogo inato ao ser humano.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Adeus Zé

Um nevoeiro matinal adensou um pouco mais a viagem.

O Porto , de que tanto gosto , estava hoje mais triste. A Zé , minha prima , partiu ontem para o descanso eterno. Fomos hoje acompanhá  - la no seu ultimo trajecto ao cimo da terra , apesar de só amanhã o seu corpo se transformará em cinzas.

As pessoas boas parecem fazer falta no outro mundo. Por cá vão ficando muitos que só fazem porcaria.

Não sei porquê.

Um vento razoávelmente forte vai varrendo as copas das árvores sob um céu carregado de cinzento.

Eu continuo a travessia do deserto , empurrado pelo forte vento que tem andado por cá nestes últimos dias.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fantasmagoria

Pareço um fantasma atravessando os espaços vazios.

Certamente estou morto e não o sei.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quarta - Pukky

Acordei cinzento. Tal como o dia. Penso ir a Águeda mas falta - me a energia. Faltam - me razões para sair daqui. Não tenho razões para estar aqui. Pareço um tolo no meio da ponte. Sou um fantasma dentro de uma casa vazia.

O Pukky apareceu ainda há pouquinho. Não sei quem ou o quê procura. Está por esta altura dormitando em cima de algum sofá , lá em baixo , sofrendo da mesma solidão que me ataca a mim.

5 de Outubro

É feriado nacional. Comemoram - se os 100 anos de república.

Eu estou ligeiramente ressacado depois de uma noite divertida em Mira , no jantar de anos do João Galo. Raquel estava linda e apetecível. Uma mulher linda onde qualquer homem se perderia ou se encontraria. Enviei - lhe via Facebook uma msg algo idiota mas em que lhe disse que estava arrasadora. E estava!... Deitou - me ao tapete. Deixou - me a sonhar .

A Carlota esteve cá e falámos um pouco. Antes assim. Senti - me um pouco mais aliviado, libertei algum do peso que carregava dentro de mim.

Ao mesmo tempo sinto - me sem futuro. Perdido neste lugar onde nada parece chegar.Estou sem ânimo e sem vontade. Penso até que será preferível a morte a esta vida sem qualquer brilho e sem motivo.Sinto o peso dos meus quase 51 anos. Sinto a falta de energia.

domingo, 3 de outubro de 2010

Domingo Xanax

Estou ainda afectado pelo Xanax que tomei ontem à noite .Mesmo depois de dormir quase dez horas,quase sem paragens , a sonolência tem - me amarrado toda a manhã a um torpor horrível, não me deixando raciocinar .


Finalmente a chuva veio.

Regozijo - me que o sol tenha desaparecido e tenha dado lugar à chuva. Pode parecer estranha esta minha preferência mas confesso a absoluta saturação que sentia já por este clima não adequado ao calendário , mesmo sabendo que essa adequação há muito desapareceu.

Nada é mais como antigamente. E ainda bem , diga-se . Contudo, nesta particular questão climatérica, as alterações havidas têm sido para pior. O que se tem verificado é que a períodos prolongados de calor e seca sucedem - se  , quase de imediato , isto é , sem um intervalo de suavidade,chuvadas descontroladas ou temporadas de frio intenso. Não há mais respeito pelas antigas e tradicionais estações do ano. Por exemplo , já temos assistido a calor extraordinário em Outubro e a frio e chuva em Junho ou Julho.


Tenho alguma nostalgia dos idos tempos , dos tempos da minha infância e da minha adolescência.Também no que ao clima diz respeito.

Não consigo deixar de me reportar e de permanentemente pensar nessa época da minha vida uma vez que , porventura contra a ordem natural das coisas, estou de novo aqui vivendo ( mesmo que na minha cabeça seja só temporariamente) , calcorreando e caminhando nos mesmos locais de outrora . E isto , porque num dia de Verão , com a cabeça portanto ainda aquecida pelo calor estival , tomei esta decisão de para aqui me mudar ou de para aqui vir voltar a viver ( repito, ainda que seja temporário ou passageiro) , como se essa fosse a solução , ou parte da solução , para a minha actual situação.


A nossa vida faz-se por  uma sequência de decisões. Sei hoje que fui infeliz ou que errei em muitas . Por estes dias não vislumbro até uma decisão correcta que tenha tomado , mas estarei com certeza a ser injusto comigo mesmo. Actualmente , à medida que cada dia vai passando , vou tomando consciência e vou sentindo no corpo e na alma que esta foi porventura mais uma das minhas decisões erradas. Mas penso nas alternativas . Penso , desde logo ,  no que em Março fiz à minha vida ao deixar o emprego. Penso no que fiz estes últimos meses em Águeda. No pouco que fiz. Talvez por isso , com a cabeça quente é certo , a ideia de vir para aqui fizesse algum sentido. Sempre poupava algum dinheiro. O dinheiro da renda de um apartamento num local onde nada de produtivo fiz depois de sair da empresa. Só que não me lembrei que nem tudo se traduz em dinheiro.Talvez já tenha perdido mais , neste curto espaço de tempo que aqui tenho estado , em sanidade mental , nas relações familiares , nas relações de amizade , do que o dinheiro que possa ter poupado ou vir a poupar.

Não perspectivo nada de positivo , portanto.

Olho em redor e a maior parte do tempo nem quero ver bem o presente porque dói. Há vazio a mais . Há esperança a menos.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sábado - Fogo fátuo

Em qualquer evento há fogo fátuo. Muita parra , pouca uva. Muito parece que é mas na verdade não é. Por todo o lado é assim. Terão sido poucas as circunstancias da minha vida  em que a verdade veio logo ao de cima. Em que de imediato se pudesse dizer , isto , é isto mesmo o que se vê. Na grande maioria das ocasioes só sabemos de (parte) da verdade  depois de algum tempo de permanencia. 
Na grande maioria das circunstancias nada é o que parece.

Prefiro um cigaro solitário a um nevoeiro colectivo. Nem sempre é assim. Há alturas em que temos que penetrar no nevoeiro para encontrarmos uma pequena parte de nós próprios.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quinta - Sol doentio

Um sol doentio e infame continua penteando a superficie de terra que me rodeia. Estou farto e sinto - me mal com este clima.

O vizinho da frente , o Zé Caldeira , parece ter acabado de chegar de Espanha onde se encontra a trabalhar há já muitos anos. Já não o vejo  há bastante tempo . Aliás , o mesmo acontece com muitos outros e outras aqui da terra. Só me reconhecerá porque saio da casa à sua frente , que ele sabe a quem pertence. 
Mais um preço a pagar pelo afastamento desta terra ,sem justificação ,a que me votei a mim próprio uma série de anos consecutivos.

Sinto - me aflito ! Um português sem rumo e sem projecto. À semelhança do País onde habito.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quarta - Sem lucidez

Levanto - me sem esperança. Á medida que as horas passam concluo da loucura que é vir para aqui.Tirando o esforço fisico a que me obrigam as plantas , o jardim , a relva , as arrumações , mais nada de positivo ou construtivo aqui faço.

Penso em telefonar à senhoria e dizer - lhe : olhe , afinal ainda vou continuar a arrendar - lhe o apartamento. Mas nem sei ... Digo a mim próprio que perder a esperança é que não. Não resolve nada. Mas não está a ser o que em momentos pensei que pudesse vir a ser.

Sou assim. Preciso de passar realmente nas coisas para as perceber. Não tenho capacidade de antever o que tantas vezes é óbvio.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Terça - Falta de espaço

Escrevo em busca de respostas às minhas angústias como se fosse esta a única forma que tenho de solucionar os inúmeros - não graves , é certo - problemas que tenho e que ainda vou ter com a mudança para cá.

Não sei , por exemplo , o que fazer a uma série de bens que possuo : a máquina da louça , o frigorífico , o sofá.  Não sei , por exemplo , o que fazer à roupa que tenho , não tendo para já lugar para a arrumar.

domingo, 26 de setembro de 2010

Domingo Seco

Entram em mim memórias do passado aqui vivido. Não são prazerosas,não são agradáveis , não são positivas , antes pelo contrário . Numa palavra , oprimem - me. Já hoje pensei , algumas vezes , quando sairei daqui e ainda mal me instalei. Mal , sim, muito mal por sinal , em todos os sentidos , como tenho tentado escrever , mas ao mesmo tempo penso que este mal - estar se deve em muito porque não posso mudar a natureza das pessoas nem alterar , de um momento para o outro , o estado das coisas e , além disso , muito , mesmo muito , quase tudo , diria , está fora do meu controlo.

Por tudo isto , acordei indisposto e infelizmente deixei transparecer isso à minha mãe em quem às vezes descarrego todas as minhas frustrações e infelicidades. Ela tem as suas responsabilidades como é óbvio , dado que foi um dos pilares da minha educação mas não a posso culpar do meu actual desacerto e do desencontro que tenho agora com a vida e comigo mesmo.

Saí para uma volta de bicicleta num misto de exercício físico e numa tentativa de libertação da opressão que o tempo e o espaço têm exercido sobre mim. Pedalei talvez durante mais de hora e meia mas imediações da Pocariça , numa bicicleta «roubada» ao meu sobrinho , mal adaptada ao meu corpo , mas que , mesmo assim , ajudou a dissipar as nuvens cinzentas que pairam sobre mim.

Devo ter tomado um duche e depois , em silêncio e só , almocei. Fechei os olhos por um bocado tentando imitar as minhas rotinas de Águeda , em busca de um pedaço de sossego . 

Com a televisão ligada , como pano de fundo , tentei dormitar. Terei passado pelas brasas um bocado e a seguir tomei um café e iniciei uma pequena arrumação ao escritório/ biblioteca na esperança de libertar um espaço para as minhas pastas de arquivo. Pouco ou quase nada consegui. Ordenei apenas alguns livros , limpei o pó a outros , rearrangei umas  prateleiras mas o objectivo a que me propusera mal foi alcançado.

Fui ainda ao Forte cumprir uma rotina herdada de uma irmã que se demitiu de um dia para o outro das funções que exercia : rega e manutenção da piscina .Agora tento eu cumpri - las , o melhor que sei e que posso . À piscina ainda nada fiz , porque não sei o que fazer mas , vou regando e limpando o jardim ... É pena , vejo agora , que se deteriore aquele espaço , mas se tiver que assim acontecer assim será.

O sol pôs - se alaranjado no horizonte lá para as bandas da praia de mira. Uma merda , penso. Estou farto de sol e de dias azuis. A seca não ajuda o campo , a falta de água nota - se com especial acuidade por estas bandas . Apesar de aqui ainda não haver  qualquer actividade agrícola produtiva , a água é necessária para conservar a relva e algumas plantas. 

Pior , muito pior , seria se dependesse da agricultura para sobreviver. Nesse caso a água tornar - se - ia crucial , de decisiva importância.

Os dias azuis e límpidos , bons de gozar e de viver , são o lado bom de um fenómeno mau. As alterações climáticas são já uma realidade sentida com sofrimento .

Ainda penso ir ao cinema mas tudo é longe aqui, tudo aqui fica longe ; mesmo a cozinha quando dela preciso , quanto mais o cinema , o ginásio ou o convívio com pessoas.

Estarei doido ? Serei doido? O que faço aqui?!...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Semana 2 - Quarta - Esperança

Levanto - me por volta das 8 horas. Ontem bebi um pouco mais do que a conta no jantar de aniversário do Jorge e por isso estou um pouco afectado. Devia ser próximo da 1 e meia da manhã quando cheguei a casa.

Quase como um autómato , depois de um frugal pequeno - almoço , começo a varrer , lenta e pensativamente, o jardim da casa , como se à vassourada expiasse os meus tormentos e preocupações. A saída da Carlota vai provocar uma grande falta , ao jardim , à piscina , à envolvente e não sei ainda ao que mais. Não sei o que vai acontecer. 

Penso : sobre ruínas , ruínas virão . É um pensamento um tanto ensombrado e cinzento mas é o que sinto no momento.

O Leonel , o electricista biscateiro , veio finalmente por a bomba do poço a funcionar , logo agora que quem tratava da rega se pisgou , assim de uma hora para a outra. Vejo uma certa ironia nisto tudo.

Venho para Águeda cumprir a a obrigação a que estou sujeito pelo fundo de  desemprego. Marco a minha presença, na junta de freguesia local. São sempre instantes constrangedores mas para já não tenho qualquer alternativa. Aproveito e mudo o óleo do carro. Já não sou mais o super cuidadoso e escrupuloso proprietário que outrora fui no que aos cuidados com o carro concerne.O que pretendo é que ele me transporte e não me traga aborrecimentos de maior. Tenho que o trocar mais dia menos dia disso não tenho dúvida, até porque , um carro a gasolina como o meu , começa a ser incomportável , financeiramente falando. Mantive , a esse propósito , uma pequena conversa com o dono do stand / oficina , equacionando as possibilidades actuais do mercado em segunda mão.

Vim ao apartamento que , em principio , ocuparei até ao final de Outubro. Arrumo e arquivo papéis ao mesmo tempo que tento por as ideias em ordem.

O desaguisado com a Carlota não me deixa em paz. Penso na forma abrupta e repentina como ocorreu a minha mudança para a Pocariça e na minha total insensibilidade ao estado de coisas que , na minha ausência desta casa , se foi estabelecendo ao longo dos últimos anos.

Como já terei escrito , actuei como um elefante em loja de porcelanas. Não tive nem a paciência nem a sabedoria que eram necessárias e , mais grave ainda , que eu sabia serem preciosas para que esta mudança resultasse com o mínimo de custos para todos os nela directa e indirectamente envolvidos. Decido enviar - lhe por SMS , um pedido de desculpas , mais do que justificado. Não agi bem e reconhecer o erro é o mínimo que posso fazer mesmo sabendo que nada se irá alterar.Com alguma surpresa leio a sua pronta resposta .

Sabemos que a palavra escrita difere da palavra dita. Nao temos os olhos nos olhos , não existe a presença fisica do outro e só isso faz com que se trasmita de forma diferente o que queremos comunicar. Sabendo disso , fico com uma esperança , sinto que as portas não se fecharam totalmente e isso deixa - me menos deprimido e um pouco mais animado. Sei que se trata de um equilibrio precário e muito frágil mas percebo que a ligação não se perdeu por completo , que poderá haver lugar , por mais ténue que seja , a um entendimento e mútua compreensão. Não posso contar com a harmonia desejável mas pelo menos um filamento de luz ficou aceso.

Semana 2 - Terça

Vagarosa e esforçadamente passo os minutos que se vão fazendo em horas.


Acordei abalado , consequência ainda da desavença com a minha irmã Carlota . Não é fácil digerir o acontecido. Ficaria mais algum tempo na cama não fosse o matutino telefonema da minha mãe , que deve estar igualmente destroçada com esta situação. Raio de coisa. Não precisava de ser asssim. Não entendo completamente porque tem que ser assim...


Vou a Cantanhede , compro o Diário de Coimbra , avisado pela minha mãe de um anúncio para um lugar de economista. Acabei por acrescentar uma outra preocupação à  minha mãe que era quem menos precisava , nesta altura da sua vida , de mais esta arrelia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Segunda de manhã - A ressaca

Estar desempregado implica perder - se a rotina que , quando trabalhamos dizemos que nos mata , mas que , quando não a temos , começamos a sentir que nos pode desorientar e fazer perder o sentido do tempo e até da realidade.

Nunca tive disciplina para quase nada. Agora que me encontro sem horários e sem ter quase ninguém a quem prestar contas , se não estabeleço - e cumpro - uma disciplina e uma rotina , ser  - me - á fatal.

A Carlota decidiu deixar de vir à Pocariça. Tudo depois de uma desastrada conversa que com ela tive no Sábado à noite.  
Queixei - me , um tanto enervado , confesso , que não conseguia aqui viver com tantos gatos e com tantas regras a cumprir relativamente aos bichos . ( olha a ironia : as regras a cumprir).

Bem sei que ela foi (e é ) intransigente e inflexível mas não posso deixar de pensar que falei com ela num momento não adequado e de uma forma errada. Tinha que ser com outro tom , sem nervosismo, e tinha que ser numa outra altura. Estou por isso aborrecido e triste. Não era isto que eu pretendia . Em consciência , não era nada disto que eu pretendia mas na verdade tive o cuidado de um elefante em loja de porcelana ...

domingo, 19 de setembro de 2010

Domingo

Depois de um inicio de dia próximo do abismo estou agora mais calmo e tranquilo. A casa está vazia. O pomo da discórdia - Carlota - já foi e só isso contribui grandemente para que me sinta melhor. Não temos que gostar de quem amamos. Não temos que gostar dos nossos irmãos ou irmãs apenas por serem nossos irmãos ou irmãs; temos que ter com as pessoas algum tipo de afinidades . Não é de todo o caso. Se a mim me coube um feitio especial , afinal , quem não o tem , o da Carlota passa , no meu ponto de vista , os limites.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sexta

Á minha maneira - há coisas que dificilmente mudam ou não mudam de todo - intercalo a escrita no blogue com a escrita no caderno.

Um dia , não saberei quando , juntarei os pedaços desta espécie de puzzle que é a minha escrita - tal como a minha vida - e pode ser que se constitua um todo com algum sentido que a alguém interesse.

Estou mais calmo. Vim ontem para Águeda , onde fiz o treino de karaté , escape do stress e da angústia. O esforço fisico ajuda - me a descontrair e a atenuar a tensão sexual que por vezes me deixa doido . Tenho de resolver esta questão , fazendo sexo. A coisa é simples , sim é simples , mas eu tanto tenho complicado , desde há demasiado tempo . O sexo , que é tão bom e tão necessário em qualquer momento , tão mais importante e necessário se torna nesta confusa fase da minha vida.

Já estive a escrever  , antes de almoço , talvez uma meia hora , derramando no papel do meu caderno algumas das angústias e desvarios  vividos e sentidos desde esta ultima Quarta-Feira mas aproveitei este momento de descanso para me sentar ao computador e dedilhar estas linhas.

Partirei daqui a um pouco de novo para a Pocariça.

Sou demorado a tratar dos assuntos. Hoje de manhã perdi quase duas horas apenas para perceber o que será necessário para desactivar a luz e o gás quando chegar a hora , lá para o fim de Outubro próximo. Quase duas horas!..., parece impossível.

Almocei por casa , empacotei mais uns livros e CD's , emalei alguma roupa e , de repente , o relógio diz - me que são cinco da tarde. Pouco sumo , portanto. Muita parra , muito pensamento perdido , muita divagação...

Toca a levantar e a mexer!...

Quarta

Sabia que não ia ser fácil mas vejo agora que vai ser muito mais difícil do que imaginava.

A mudança para a Pocariça , sem rede , vai levantar - me desafios que nem sequer consigo imaginar neste momento. Qualquer mudança é assim, penso , para me acalmar.

Nestas alturas sou um crente , porque endosso para um qualquer deus a responsabilidade de explicar o inexplicável e de decifrar o indistinto futuro. Peço - lhe ainda , a esse deus,  a colaboração no confuso e desorganizado presente.

Estou certo que foi em momentos como os que vivo , cuja caracterização sumária é de angústia , incerteza , espanto , desalento , tristeza , solidão e  , ao mesmo tempo , de confiança e esperança , que o homem criou a divindade. O nosso deus , o dos católicos , é uma outra história , uma história bem imaginada ,  bem contada é certo , mas posta em cena com muitas partes gagas , ambíguas , obscuras e iníquas.

Saio esbaforido e quase em pânico rumo a Coimbra , sob uma pressão enorme , alimentada pela solidão e atiçada pelos meus fantasmas . Tenho que sair ! Sinto - me sem ar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Segunda

Levanto - me ,  depois de uma noite - mais uma - em que dormi por etapas . 
Estou algo cansado e mentalmente pouco perspicaz e atento. Um começo de dia , ameaçador , portanto. 

Continuo a minha jornada desorganizada pelo Forte mas há tanto para fazer que não sei por onde pegar.


Hoje é dia da C. cá vir e , mesmo sem querer e sem que haja razão , isso condiciona os meus movimentos.


Ainda não acabei de limpar e recuperar a estante que quero colocar à entrada da «casa» ; tem muita ferrugem e isso fez com que a tarefa levasse bastante mais tempo.


Começo pelas coisas pequenas e de pouca importância e não pelas grandes e importantes. 

Estou meio perdido , confesso.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Domingo

Cheguei há pouco de Águeda ! Lentamente vou deixando para trás um estilo de vida e uma cidade que nada têm a ver comigo. 

Ontem , na Festa do Leitão a que acedi ir por convite da Clara , dei por mim , a certa altura , a ir arrastado , como se não possuísse vontade própria.

Cumprimento o Cruz . Não sei porquê ! Algum instinto que hoje não consigo explicar , levou - me a tal. Conversa de circunstância. Frouxa . Quis dizer -lhe , logo ali , o que me passava pelo coração , de forma calma e controlada mas as palavras não saíram e perderam - se dentro de mim.

Ele, mais fino e sabido , aproveitando a minha deixa acerca dos malefícios do tabaco , foi capaz de fazer notar a minha estultice. Não se referiria apenas , por certo , ao realmente estúpido acto do fumo . Quis dizer - me  algo mais , o sacripanta , quis insultar - me  , o canalha . Chamar - me burro não só e apenas por fumar.Perdi uma oportunidade de lhe dizer umas tantas. Não esperará muito pela demora...

Tenho consciência que não vai ser fácil , que nada vai ser fácil , que tenho muito para aprender ; que tenho pouco tempo e que nem sempre tenho a paciência e sabedoria necessárias para lidar com os imprevistos.

domingo, 12 de setembro de 2010