quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vazio

Fiz ontem 51 anos. Eu sei que há muitas pessoas que se encontram em pior situação que a aquela em que eu me encontro, muitas mesmo morreram antes de completar esta idade , logo não devia sequer estar aqui sentando se a ideia é a lamúria. A verdade é que , talvez como escape , aqui venha fazer isso mesmo: lamentar - me da sorte e das escolhas erradas que fiz ao longo da vida e que me conduziram a esta situação. A verdade é que há muito não sentia um vazio tão profundo .

Idiota

Onde tinha a cabeça quando tomei a decisao que tomei?

domingo, 24 de outubro de 2010

Dilema

Como sair deste buraco?
Impossível continuar aqui pouco viável sair daqui. Como resolvo esta equação?

domingo, 17 de outubro de 2010

Comer Orar e Amar

Nada de mais importante haverá que a amizade. Talvez o amor , dir - me - ão , mesmo sabendo a dor que nos pode trazer. A solidariedade é uma parte da amizade, creio. Os elos que unem as pessoas , aqueles puros , despidos de preconceitos e de interesses que para mim , mesmo que seja só a um nível etéreo e imaginado, desaguam na amizade , a amizade cheia de solidariedade  , são o que verdadeiramente conta. Certo? Mas ,será que existem? ou serão um mito que a literatura e o cinema nos criaram desde a nossa infância?

Vejo muitos compatriotas , compatriotas no sentido de que partilham o mesmo planeta , que vivem acreditando que esses filamentos de verdade e de fé existem e que são eles que sustentam toda a sua existência , que são o alimento e o calor . Dou por mim a pensar , por isso , que talvez seja eu , só eu,  que não mais acredita em nada , nem nele próprio , nem no outro , nem em Deus e defende que tudo isto , a vida , não passa de uma fantochada , de uma belíssíma e bem planeada ópera bufa  levada à cena por um sádico ou sádica ociosos e ávidos de retirarem um prazer inominável e medonho da observação da nossa lenta e solitária caminhada em direcção ao deserto que parece que é o que a morte é.

Não sei. Sei que , a grande maioria do tempo sou um céptico praticante que , de vez em quando , seja no meio do silêncio de uma igreja , diante de uma tela de cinema , lendo uma página de boa literatura , em frente ao mar , num jantar de família , sentado em circunstâncias de férias , entre amigos , numa brincadeira com crianças , se interroga e se questiona , parecendo querer  vislumbrar os ditos filamentos de vida e de fé , de esperança e de crença , de solidariedade , de pura e desinteressada companhia humana. Quer acreditar. Diz ao  mais intimo de si que afinal a solidariedade existe e que tudo o que o Homem fez até hoje tem um sentido espiritual forte , que talvez o amor exista e seja benfazejo, que o dinheiro foi apenas criado pelo espirito de competição e de jogo inato ao ser humano.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Adeus Zé

Um nevoeiro matinal adensou um pouco mais a viagem.

O Porto , de que tanto gosto , estava hoje mais triste. A Zé , minha prima , partiu ontem para o descanso eterno. Fomos hoje acompanhá  - la no seu ultimo trajecto ao cimo da terra , apesar de só amanhã o seu corpo se transformará em cinzas.

As pessoas boas parecem fazer falta no outro mundo. Por cá vão ficando muitos que só fazem porcaria.

Não sei porquê.

Um vento razoávelmente forte vai varrendo as copas das árvores sob um céu carregado de cinzento.

Eu continuo a travessia do deserto , empurrado pelo forte vento que tem andado por cá nestes últimos dias.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fantasmagoria

Pareço um fantasma atravessando os espaços vazios.

Certamente estou morto e não o sei.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quarta - Pukky

Acordei cinzento. Tal como o dia. Penso ir a Águeda mas falta - me a energia. Faltam - me razões para sair daqui. Não tenho razões para estar aqui. Pareço um tolo no meio da ponte. Sou um fantasma dentro de uma casa vazia.

O Pukky apareceu ainda há pouquinho. Não sei quem ou o quê procura. Está por esta altura dormitando em cima de algum sofá , lá em baixo , sofrendo da mesma solidão que me ataca a mim.

5 de Outubro

É feriado nacional. Comemoram - se os 100 anos de república.

Eu estou ligeiramente ressacado depois de uma noite divertida em Mira , no jantar de anos do João Galo. Raquel estava linda e apetecível. Uma mulher linda onde qualquer homem se perderia ou se encontraria. Enviei - lhe via Facebook uma msg algo idiota mas em que lhe disse que estava arrasadora. E estava!... Deitou - me ao tapete. Deixou - me a sonhar .

A Carlota esteve cá e falámos um pouco. Antes assim. Senti - me um pouco mais aliviado, libertei algum do peso que carregava dentro de mim.

Ao mesmo tempo sinto - me sem futuro. Perdido neste lugar onde nada parece chegar.Estou sem ânimo e sem vontade. Penso até que será preferível a morte a esta vida sem qualquer brilho e sem motivo.Sinto o peso dos meus quase 51 anos. Sinto a falta de energia.

domingo, 3 de outubro de 2010

Domingo Xanax

Estou ainda afectado pelo Xanax que tomei ontem à noite .Mesmo depois de dormir quase dez horas,quase sem paragens , a sonolência tem - me amarrado toda a manhã a um torpor horrível, não me deixando raciocinar .


Finalmente a chuva veio.

Regozijo - me que o sol tenha desaparecido e tenha dado lugar à chuva. Pode parecer estranha esta minha preferência mas confesso a absoluta saturação que sentia já por este clima não adequado ao calendário , mesmo sabendo que essa adequação há muito desapareceu.

Nada é mais como antigamente. E ainda bem , diga-se . Contudo, nesta particular questão climatérica, as alterações havidas têm sido para pior. O que se tem verificado é que a períodos prolongados de calor e seca sucedem - se  , quase de imediato , isto é , sem um intervalo de suavidade,chuvadas descontroladas ou temporadas de frio intenso. Não há mais respeito pelas antigas e tradicionais estações do ano. Por exemplo , já temos assistido a calor extraordinário em Outubro e a frio e chuva em Junho ou Julho.


Tenho alguma nostalgia dos idos tempos , dos tempos da minha infância e da minha adolescência.Também no que ao clima diz respeito.

Não consigo deixar de me reportar e de permanentemente pensar nessa época da minha vida uma vez que , porventura contra a ordem natural das coisas, estou de novo aqui vivendo ( mesmo que na minha cabeça seja só temporariamente) , calcorreando e caminhando nos mesmos locais de outrora . E isto , porque num dia de Verão , com a cabeça portanto ainda aquecida pelo calor estival , tomei esta decisão de para aqui me mudar ou de para aqui vir voltar a viver ( repito, ainda que seja temporário ou passageiro) , como se essa fosse a solução , ou parte da solução , para a minha actual situação.


A nossa vida faz-se por  uma sequência de decisões. Sei hoje que fui infeliz ou que errei em muitas . Por estes dias não vislumbro até uma decisão correcta que tenha tomado , mas estarei com certeza a ser injusto comigo mesmo. Actualmente , à medida que cada dia vai passando , vou tomando consciência e vou sentindo no corpo e na alma que esta foi porventura mais uma das minhas decisões erradas. Mas penso nas alternativas . Penso , desde logo ,  no que em Março fiz à minha vida ao deixar o emprego. Penso no que fiz estes últimos meses em Águeda. No pouco que fiz. Talvez por isso , com a cabeça quente é certo , a ideia de vir para aqui fizesse algum sentido. Sempre poupava algum dinheiro. O dinheiro da renda de um apartamento num local onde nada de produtivo fiz depois de sair da empresa. Só que não me lembrei que nem tudo se traduz em dinheiro.Talvez já tenha perdido mais , neste curto espaço de tempo que aqui tenho estado , em sanidade mental , nas relações familiares , nas relações de amizade , do que o dinheiro que possa ter poupado ou vir a poupar.

Não perspectivo nada de positivo , portanto.

Olho em redor e a maior parte do tempo nem quero ver bem o presente porque dói. Há vazio a mais . Há esperança a menos.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sábado - Fogo fátuo

Em qualquer evento há fogo fátuo. Muita parra , pouca uva. Muito parece que é mas na verdade não é. Por todo o lado é assim. Terão sido poucas as circunstancias da minha vida  em que a verdade veio logo ao de cima. Em que de imediato se pudesse dizer , isto , é isto mesmo o que se vê. Na grande maioria das ocasioes só sabemos de (parte) da verdade  depois de algum tempo de permanencia. 
Na grande maioria das circunstancias nada é o que parece.

Prefiro um cigaro solitário a um nevoeiro colectivo. Nem sempre é assim. Há alturas em que temos que penetrar no nevoeiro para encontrarmos uma pequena parte de nós próprios.