quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Gostaria que as palavras saíssem de mim como a chuva cai do céu
num inverno molhado

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Atiro um bom dia um tanto forçado e com pouca vontade. Do outro lado respondem - me mas confesso que nem reparei no tom. Uma pequena conversa sobre as baixas temperaturas do dia e a seguir peço dois maços de cigarros. Entretanto as outras duas mulheres já conversavam sobre outra coisa qualquer e despedi-me com um vago até logo.
O frio , durante o curto trajecto de ida e vinda , soube - me  bem. Lembrei-me dos tempos em que era preciso despejar água quente sobre o pára brisas para se poder arrancar com o carro. Já há alguns invernos que por aqui não se sentiam temperaturas tão baixas. Não há é chuva , este ano! Seguramente que não chove a sério há mais de dois meses ,o que ė bem estranho.No inverno tem que haver chuva.

domingo, 22 de janeiro de 2017


Corremos o risco de nos enganarmo - nos ou de fazer juízos incompletos sobre o que acontece à nossa volta , quando , sobre os acontecimentos , reagimos precipitadamente.

Isto é válido em muitas circunstâncias da nossa vida mas escrevo - o agora a propósito de um meu anterior postal sobre o discurso da tomada de posse de Trump onde disse o que sentia assim que acabou a emissão televisiva da cerimónia .

Agora , passadas que são mais de 24 horas sobre o evento , acrescento o seguinte:

- O actual presidente dos USA é uma figura estranha . Dono de uma "fácies" crispada e de um cabelo singular. Quando discursa , tem o pouco agradável hábito de levantar o dedo em riste . Não é empático. É  antipático . Estas características pessoais fazem toda a diferença. ( não é o que se diz , é a forma como se diz ) . Cada ser humano tem , no seu corpo , uma escultura por ele não esculpida , é verdade, mas pode-se sempre melhorar o gesto .

- Trump não é eloquente como Obama o foi . É verdade ! Obama , homem de maior cultura , fez discursos elegantes e arrebatadores enquanto os de T. são bastante mais básicos.

- Alegadamente T. teve atitudes pouco abonatórias com algumas mulheres e é conhecido um video onde sobre elas disse coisas bem pouco dignas . Isso não agrada , não me agrada e pairará sobre ele, como nuvem negra , durante todo o tempo.

- Sobre o seu passado como homem de negócios há enormes questões .Quer no que aos impostos diz respeito , quer quanto à forma como , alegadamente , tratava os seus colaboradores. Devem ser poucos os milionários e multi milionários que tenham um passado "limpo".

- Há ainda todas as dúvidas acerca da intervenção dos russos nas eleições e sobre o papel  desempenhado por  T. nessa putativa conspiração. Sobre isso sei o que é publicado .

Ou seja , tenho , portanto , sobre o novo POTUS , muitas das questões e dúvidas que boa parte do "mainstream" opinativo sobre ele tem. No entanto , não me junto é ao coro daqueles que o querem fazer o pior presidente dos Estados Unidos da América ou mesmo o mais horrendo e perigoso homem ao cimo da terra , logo no próprio dia da investidura.

sábado, 21 de janeiro de 2017

São cinco e pouco desta tarde fria de Janeiro e só a música de Stephen Warbeck ("Proof","Shakespeare in love", ... ) me aquece o coração. Os cigarros também , claro ; além do coração aquecem igualmente os pulmões.

Não tenho andado muito feliz nestes últimos tempos e a música é um bom refúgio para os desencontrados do amor e para os desesperançados no futuro , como eu me sinto agora.

Não chega totalmente a preencher o vazio que a não fortuna cava dentro de nós mas é um paliativo tão maravilhoso que quase nos faz esquecer a verdadeira causa de toda a nossa dor e desespero.

Gostaria de não perder nunca o sentido de humor mas o que verifico é que à medida que o tempo passa tenho menos vontade de rir de mim próprio.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

No mundo , cada país tenta safar-se o melhor que puder . Um pouco à semelhança de cada ser humano. Não devemos espezinhar os outros , devemos ser solidários , respeitar a liberdade e tudo isso mas cada um tem que fazer o seu caminho.

Hoje tomou posse , como o 45º presidente dos USA , Donald J. Trump.

Vi , pela CNN , a tomada de posse - The Inauguration Day - (sem os comentários idiotas dos especialistas da treta , que por cá proliferam ) , e senti-me um pouco americano . Certamente não me aconteceu só a mim. Muitas outras pessoas por esse mundo fora devem ter sentido o mesmo. É inevitável ! Os «gringos» compõem uma grande nação , gostemos ou não gostemos

Para além de outros dignitários , pelo menos seis representantes de outros tantos credos religiosos , estiveram presentes na cerimónia e fizeram ouvir as suas palavras . Achei curioso ! Não será por falta de mensagens para o Além ou do Além , que esta Administração falhará.

Saliento duas frases do discurso de Trump  : "the time for empty talk is over . Is time for action" - contra os governantes que prometem , prometem mas nada fazem e "you'll be never ignore again" - referindo-se aos cidadãos mais desfavorecidos . Sem serem frases da mais fina retórica política , pareceram-me bastante razoáveis. E houve outras , igualmente sensatas .

Diga-se que nunca tinha ouvido , integralmente , um discurso de Trump ou de um outro qualquer presidente americano. Nunca calhou! Já ouvi excertos de muitos mas , na íntegra , nunca tinha ouvido nenhum. Este , que ouvi há pouco , e que , com toda a certeza , será rotulado de populista e proteccionista  , entre outras coisas , não me assustou , não me espantou , não me desagradou.Se eu fosse americano era muito provável que o tivesse aplaudido .

Foi um discurso mais virado para dentro , para os americanos , do que para o exterior . E é isso que faz sentido ! Afinal o homem foi eleito presidente dos EUA e não presidente do mundo .
No entanto houve ainda lugar para palavras para todos os outros países. Nomeadamente quando se referiu ao estado islâmico e afirmou que o combaterá sem tréguas , até que desapareça do planeta. Isso seguramente significará  mais guerra e , com toda a certeza , aumentará o perigo de mais terrorismo , mas o que fazer quando se quer acabar com fanatismos loucos ?!  Este será sempre o preço a pagar por uma eventual maior segurança no mundo e não creio que um outro qualquer presidente da América que tivesse sido eleito por estes dias , dissesse coisa diferente.

De resto , e muito resumidamente , anunciou , ou reiterou , o compromisso de uma intransigente defesa dos interesses dos Estados Unidos da América e dos seus cidadãos , principalmente daqueles mais pobres e marginalizados , querendo dar ou proteger - lhes os empregos ( populismo?!...) . Frisou , repetidamente , que os empregos têm que ser dos americanos , qualquer que seja a sua confissão , cor ou género ( proteccionismo?! ... ) . Não obstante as dúvidas que se levantam no que diz respeito ao comércio internacional e ao seu futuro próximo , dado o peso dos EEUU no mundo , as palavras do novo presidente americano voltaram a parecer - me  muito razoáveis e lógicas. Afinal qual o governante que não promete coisa semelhante aos seus eleitores ?!

Dito isto , não sei ! Não sei o que vai ser o futuro nem que América vamos ter e que papel vai doravante desempenhar nesta grande confusão em que nos encontramos. Mas tudo o que foi dito , mesmo o ataque feito às elites de Washington , me pareceu muito , muito razoável. Talvez seja ingénuo e mal informado . Pode também ficar a dever - se ao facto de não ser muito bom a inglês e ter percebido tudo mal. Não sei ! Vamos esperar e ver. Sem dramas nem exacerbadas excitações.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Eis a minha posição sobre a morte natural , aquela que só fica a dever - se ao inelutável trabalho operário do tempo:

um abençoado momento festivo com lágrimas

sábado, 7 de janeiro de 2017

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Saí agora mesmo de dentro de mim .
Não sei onde me encontro.
Talvez amanhã
Não chove nem faz frio , apesar de ser Janeiro.
Cigarro atrás de cigarro , vou-me consumindo , em brasa.
Tenho esperança de voltar a sorrir .

Só o silêncio me é companhia.
E as palavras.
Dou por mim , amiúde , a pensar na estranheza do mundo real ( não tenho evidências de mais nenhum outro ) e isso deixa - me profundamente abalado.
Observo a forma como a sociedade humana se foi organizando ao longo dos tempos , o esforço imenso que isso acarretou e acarreta , mas mesmo assim há momentos em que nada parece fazer sentido.


Poucas eram as coisas que hoje verdadeiramente lhe interessavam. Fumar , que mata , era , ao contrário , das poucas coisas que lhe interessavam e lhe davam algum prazer. Ao mesmo tempo tirava-lhe as forças. Um contra-senso , portanto ! Mas de contra-sensos e contradições era a sua vida cheia . pelo que era apenas mais um. Letal , porventura.

No amor , fora um desastre. Uma questão de genética , com toda a certeza. Sem ter escolhido ou desejado , fazia parte daquele grupo de homens que teme o que mais deseja: as mulheres ! Desde muito cedo que assim era. Ainda em criança e sem que para isso consiga encontrar uma razoável explicação , as meninas que o atraíam e fascinavam , causavam - lhe , simultaneamente , um temor de morte. Nunca percebeu a razão de ser para tal atitude. Mas era assim ! Foi assim !  Essa mesma reacção em relação ao sexo oposto , continuou por toda a sua vida. Até hoje !  Na escola primária , no ciclo e liceu , depois na universidade e mais tarde no seu tempo de adulto , nunca fora capaz de se declarar ás meninas e mulheres de quem gostou . Um drama angustiante , quase trágico , com implicações sérias na sua vida. Está solteiro e sente-se só. A solidão, que petrifica a alma e o coração , também lhe rouba a vontade e o desejo. Menos o de fumar. Que mata.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A solidão petrifica o pensamento.

A solidão petrifica o pensamento.

O namorado passou-lhe a mão pelo rosto , levemente , e ela desenhou um sorriso de concordância e apreço. Sentaram-se na beira da fonte com a água caindo atrás  , em cascata , alheando-se do mundo que os rodeava . Ela de gelado na mão , ele fumando um cigarro , bem juntos um ao outro, enquanto as pessoas iam e vinham , apressadas umas , em passeio outras , em constante movimento de fim de tarde. Pouco faltaria para o sol de pôr mas a temperatura era de uma amena tarde de fim de Maio , sem vento.

A solidão é fonte de todo o desespero e dor.

Levantaram-se silenciosamente e caminharam durante meia hora pela cidade em ebulição. Lado a lado , foram descobrindo o que não conheciam mas raramente entraram em algum lugar. Pareceu-lhes melhor o exterior ameno que o interior fosse do que fosse.
O sol , entretanto , adormeceu. O manto escuro da noite viera retirar a luz natural às coisas que só se enxergavam graças à iluminação artificial vinda dos candeeiros públicos , dos néones dos estabelecimentos comerciais e dos imensos faróis das viaturas que se cruzavam nas ruas. Á distância , não se conseguiam distinguir as cores que vestiam as pessoas . Tudo era mais ou menos preto e indistinto.
Eram horas de jantar. Depois de algumas indecisões , optaram por um pequeno restaurante que lhes pareceu confortável e acolhedor , ali mesmo , bem no coração da baixa da cidade onde se encontravam.
Os olhares trocaram-se em silêncio durante alguns minutos até ao momento em que o empregado de mesa lhes trouxe o menu acompanhado de um boa-noite , façam o favor de escolher , que delicadamente entregou a cada um , retirando-se de seguida. A sala pequena , de tonalidades suaves de madeira , em castanhos e bege claro , era discreta e acolhedora e não estava cheia.
Dois casais de aparência estrangeira trocavam animada conversa duas mesas a seguir à deles , gesticulando e rindo , mas não conseguiram perceber em que língua o faziam. Podia ser polaco , sérvio , checo ou uma outra qualquer outra língua desse leste europeu. Logo ao lado , um jovem casal espanhol com duas crianças , rapaz e rapariga,  de uns sete e cinco anos , sorriu-lhes afavelmente ao mesmo tempo que ajudavam os rebentos no correcto manuseamento dos talheres.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Indecisões

Ainda há pouco era manhã e agora já se aproximam as cinco da tarde. O tempo passa , às vezes feliz outras não. Acendi a salamandra para aquecer a alma e a sala e é quase só o barulho da lenha a desfazer-se pelo fogo que ouço ao meu redor.Uma espécie de sopro lento e contínuo chega-me do local onde a lenha arde , compondo uma melodia embaladora. Lá fora , entretanto , a chuva hesita em cair. Já hoje saí à rua. Parece estar tudo indeciso entre a tristeza e a alegria. Talvez seja sempre assim nos começos. Não sabemos bem no que tudo vai dar e então acautelamo-nos , não vá o diabo tecê-las.

Um caminho pela frente

Dormi bastante. Mais que as oito horas que normalmente durmo. Acordei vazio , sem passado nem futuro . Por certo , tudo o me compunha , ficou dentro da noite ou se espalhou pelos sonhos que a esta hora partiram para o seu repouso em parte incerta.

Neste segundo dia do ano novo , está uma manhã cinzenta , ameaçando chuva . Poucos sons se ouvem. De vez em quando o vento dá uma varredela e depois tudo volta a ficar em silêncio. Deixei entrar e permanecer dentro de casa as duas gatas que às vezes tomam o pequeno-almoço comigo mas que logo depois retornam ao jardim , o seu lar habitual. Estão meias perdidas sem entender muito bem a razão de estarem tanto tempo no interior da casa mas devagar , timidamente , lá vão conhecendo novas divisões , explorando tudo o que delas faz parte:  sofás , cadeiras , prateleiras , etc. De vez em quando miam e movimentam-se por uns instantes um tanto desorientadas mas depois lá encontram um poiso onde se aquietam , que é coisa que os gatos fazem com superior mestria.

Não tenho a mínima ideia do que vou fazer dos dias que tenho pela frente . 

domingo, 1 de janeiro de 2017

Vida

Tela branca,cheia de passado e de memórias. Umas boas , outras más. A vida é mesmo assim . Julgo que pouco se pode fazer para mudar o curso das coisas. Quero dizer , os altos e baixos da vida. É inevitável. Acontece a todos , sem excepção. Somos gente por um acaso inexplicável e sabemos que um dia desapareceremos. Deixaremos de vez este mundo e pouco ou nada restará do que fomos e do que sentimos . Excluem - se os seres geniais que deixaram , deixam e deixarão marca perene. Dos restantes , ninguém saberá e poucos se lembrarão , a não ser os mais próximos , os familiares , que recordarão em silêncio ou , em ocasiões especiais , com comemorações partilhadas.

Irrita-me  , a condição humana. Lixa - me a degenerescência da razão e a debilitação do corpo. Mas nada a fazer. Aguentar , tanto quanto possível , é o que resta. Enfrentar o touro pelos cornos , dominando o medo . Pelo meio , momentos de alegria , amor , rebeldia , amizade , choro , dor , comoção e partilha. Respirar fundo e avançar. Porventura , cair . Voltar a erguer e voltar a cair. Erguer de novo. Continuadamente , até que as forças nos deixem de vez