terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A solidão petrifica o pensamento.

A solidão petrifica o pensamento.

O namorado passou-lhe a mão pelo rosto , levemente , e ela desenhou um sorriso de concordância e apreço. Sentaram-se na beira da fonte com a água caindo atrás  , em cascata , alheando-se do mundo que os rodeava . Ela de gelado na mão , ele fumando um cigarro , bem juntos um ao outro, enquanto as pessoas iam e vinham , apressadas umas , em passeio outras , em constante movimento de fim de tarde. Pouco faltaria para o sol de pôr mas a temperatura era de uma amena tarde de fim de Maio , sem vento.

A solidão é fonte de todo o desespero e dor.

Levantaram-se silenciosamente e caminharam durante meia hora pela cidade em ebulição. Lado a lado , foram descobrindo o que não conheciam mas raramente entraram em algum lugar. Pareceu-lhes melhor o exterior ameno que o interior fosse do que fosse.
O sol , entretanto , adormeceu. O manto escuro da noite viera retirar a luz natural às coisas que só se enxergavam graças à iluminação artificial vinda dos candeeiros públicos , dos néones dos estabelecimentos comerciais e dos imensos faróis das viaturas que se cruzavam nas ruas. Á distância , não se conseguiam distinguir as cores que vestiam as pessoas . Tudo era mais ou menos preto e indistinto.
Eram horas de jantar. Depois de algumas indecisões , optaram por um pequeno restaurante que lhes pareceu confortável e acolhedor , ali mesmo , bem no coração da baixa da cidade onde se encontravam.
Os olhares trocaram-se em silêncio durante alguns minutos até ao momento em que o empregado de mesa lhes trouxe o menu acompanhado de um boa-noite , façam o favor de escolher , que delicadamente entregou a cada um , retirando-se de seguida. A sala pequena , de tonalidades suaves de madeira , em castanhos e bege claro , era discreta e acolhedora e não estava cheia.
Dois casais de aparência estrangeira trocavam animada conversa duas mesas a seguir à deles , gesticulando e rindo , mas não conseguiram perceber em que língua o faziam. Podia ser polaco , sérvio , checo ou uma outra qualquer outra língua desse leste europeu. Logo ao lado , um jovem casal espanhol com duas crianças , rapaz e rapariga,  de uns sete e cinco anos , sorriu-lhes afavelmente ao mesmo tempo que ajudavam os rebentos no correcto manuseamento dos talheres.


Sem comentários:

Enviar um comentário