domingo, 29 de julho de 2018

Uma espécie de gemido , quase imperceptível , fez com que parasse e voltasse a cabeça em direcção ao local de onde parecia ter vindo tão inusitado barulho. Nada me podia deter naquela hora senão a possibilidade de alguma pessoa ou animal estarem em sofrimento. A isso não podia ficar indiferente! Afinal não era nada disso. Apenas um pedaço de arame solto raspara na folha do portão.Prossegui, acelerando o passo. O encontro estava marcado para as sete da tarde e , como de costume , já passava da hora e ainda queria tomar banho. Subi as escadas num ápice ,desisti do banho , mudei de roupa assim mesmo suado, depois de ter passado o desodorizante e borrifado umas lágrimas de perfume , desci , peguei na bicicleta e saí. O ar na cara fez-me bem naquele fim de tarde tranquilo em que um carro apenas se cruzou comigo enquanto pedalava em direcção à sua casa. A bicicleta estava-me emprestada por uma amigo e sempre que pegava nela arrependia-me de não o fazer mais vezes porque revivia sempre um prazer juvenil resgatado da gaveta do tempo quando o fazia. Nada de tão saboroso como a recordação dos bons momentos da infância e adolescência e , no que toca a passeios de bicicleta , eram mais que muitas as boas recordações. Sempre fui um garoto tímido e talvez por isso tinha tendência a isolar-me . A bicicleta foi companheira de muitas saídas , ferramenta que ajudou à construção de uma personalidade

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