sábado, 18 de fevereiro de 2023

 Uma onda de tristeza varre esta casa nestes dias ainda de inverno mesmo que as temperaturas nos lembrem a Primavera. Ela está cá , a tristeza , quase tão sólida como as velhas paredes que fazem a casa e não está sozinha .Veio ter com a solidão que por cá habita há já uns bons anos e que não parece ter vontade de ir embora. E é uma tristeza de ausência. Não de seres humanos mas de felinos . Gatos! Gatos que aqui estiveram entre dois anos(uma) e dez meses( dois) e que decidi levar para casa de um amigo , longe , no Alentejo. Parece estúpido , não parece ,esta tristeza que eu próprio causei ?! mas a verdade é que estava a ser difícil lidar com seis felídeos dentro de casa. Sim , porque aos três que saíram juntavam-se mais três que por cá permanecem. Três elas que  sentiram e sentem grandemente a ausência dos 'irmãos'.

Tento amenizar-lhes a falta com passeios mais prolongados e uma maior atenção dada agora a cada uma. mas não sei quem sofre mais ,se eu se elas


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

 um vazio imenso abre-se sobre o peito. no lugar do coração está uma chaga sangrando

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 escrever numa folha ou num ecrã em  branco é uma tarefa difícil ! 

mas não há muitas coisas nesta vida que sejam fáceis e , como se sabe desde o princípio dos tempos ,  enfrentar o que é difícil é o que nos faz crescer

domingo, 21 de novembro de 2021

Coisas (quase) inúteis

O meu passo , num caminhar nem apressado nem vagaroso, equivale a aprox. 0,6 mts. 

É oficial ! 

Foi comprovado após várias caminhadas , usando o telemóvel para indicar os passos e  usando o google maps , para medir em metros / kms. , a distância percorrida .

Sim , eu sei , há inúmeras apps que fazem isto. Mas eu , que sou um pouco conservador no que toca "às novas tecnologias" , utilizei este método que reputo de altamente cientifico. 😊

Hoje , por exemplo , fui e vim a pé de minha casa ao Intermarché de Cantanhede , usando a rua / estrada alcatroada: 

Ida : R. Dra M.Luz Pessoa-> R. Ant.L.Fragoso->Rotunda F.Ramos/Eurocampas/Febauto->Trecho da ciclovia paralelo à EN 234-> Intermarché

Vinda: o mesmo trajecto em sentido inverso

O telemóvel indicou-me , 7.426 passos. O google maps mediu aprox. 2,12 km para cada viagem( total 4,24 km ).

Agora , ... é só fazer as contas!

Nota: demorei à volta de 1h10mn , mas parei uma ou duas vezes para contemplar a paisagem e tirar umas fotos



sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 olhar para a folha em branco e imaginá-la cheia de cheiros  , sons e amor

domingo, 14 de novembro de 2021

Não obstante a minha idade , continuo um ingénuo em inúmeras matérias. 

Se por vezes acho alguma graça e até  tiro algum prazer em ser assim , outras , porventura muitas para meu gosto , fico bastante irritado com isso . Nessas ocasiões sinto aproximar-se de mim um amigo invisível que , com ar reprovador, me chama à parte e me sussurra ao ouvido :

 - " Ó pateta , estás a ser imbecil  . Deixa de ser papalvo. Abre os olhos !  " 

Mas é coisa de nascença ! São daquelas marcas que vêm nos genes e que não saem facilmente. Ser genuinamente crédulo não é uma opção. Não escolhi ser crédulo. Se a vida me já ensinou a minorar a credulidade natural , tenho ainda momentos em 'caio que nem um patinho' , acreditando no quase ninguém acredita . Raramente consigo abrir os olhos em tempo oportuno e então , boa parte da realidade escapa - se -me deixando -me meio perdido, onde quer que me encontre. É uma sensação estranha e  desagradável .

Paradoxalmente , ou talvez não , dirão os psicólogos , sou um controlador , curioso e cauteloso. Quero quase sempre saber o que se passa à minha volta. Saber quem é quem e quem faz o quê  . Saber se para esta pessoa posso falar à vontade ou se para aqueloutra tenho de me conter. Tenho , digamos assim rápidamente, receio de causar má impressão e vontade de impressionar bem. 

Gostava de saber o que aquela pessoa ali ao fundo pensa de mim , matuto

 A vida de um solitário ou melhor de um solteirão que vive a maior parte do tempo sozinho , é um drama peculiar , com momentos de comédia e de quase tragédia. Lavar a loiça , tragédia ; rir sozinho, tragicomédia; tropeçar no ultimo degrau da escada e espatifar-se no chão, tragicomédia ; deitar-se no chão da sala e brincar infantilmente com os gatitos bebés, comédia;  e assim sucessivamente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

 Impossível apanhar o tempo. Uma vez ditas ou feito o gesto não é mais possível voltar atrás. É aprender a viver assim e aprender com os erros cometidos. Acumular sabedoria em vez de angústia

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Armar

 No enlevo do odor magnífico que as narinas captaram enquanto caminhava pela rua vazia e molhada , regressou aos idos de infância numa fracção tão pequena de tempo que , quando acontece , o deixa sempre ligeiramente aturdido; mas foi incapaz de identificar quer o cheiro quer as memórias que este em tão breve instante lhe trouxera. Uma pequena derrota , a somar a outras tantas deste calibre que ultimamente amealhava .Continuou a passeata por trajecto aleatório que mais tarde o reconduziria a casa enquanto a noite  lhe ia caindo suavemente sobre os ombros.

A luz dos postes públicos já se acendera e a caminhada fazia-se  por entre  trechos iluminados e outros de semi-obscuridade uma vez que na aldeia , nas ruas secundárias , a iluminação pública é deficiente.

Os últimos tempos não estavam a ser nada fáceis de gerir e de viver. não havia nada realmente importante ou significativo que o atormentasse do género , problemas de saúde ou de dinheiro ,querelas familiares insolúveis ou problemas laborais. não , nada desse teor , nada até de concreto . Eram as pequenas coisas. as palavras , os desencontros , os resquícios de uma perturbação obsessiva compulsiva mal resolvida , a incompletude na acção que o deixavam em permanente desassossego .Por isso, pensando melhor , a coisa era séria e em momentos poder-se-ia dizer , tenebrosa porque era a sua própria vida que via escorrer pela ampulheta do tempo sem estar a conseguir fazer dela fosse o que fosse. então, essa inquietação permanente não o largava. um misto de raiva e frustração corroíam-lhe lentamente a mente e a alma ,uma espécie de lume brando, como se costuma dizer. Apetecia-lhe muitas vezes desistir , acabar com tudo , deixar tudo para trás e algumas vezes pensava em por termo à vida mas isso era coisa que não seria capaz de realizar não sei se por cobardia medo ou um desejo superior de continuar vivo,. Estava assim numa espécie de beco sem saída de onde tentava sair a todo o custo.


Um sopro ligeiro de vida mas as dúvidas mantêm-se . O incómodo também. A esperança é que ressurgiu o que é um enorme contributo. O caos da sua vida não se alterou.

Os óculos pretos ,de massa, acima da inevitável máscara dos dias de hoje emolduravam uma cara jovem que lhe pareceu alegre e jovial. Mulher nova ainda que a retina captou e lhe ficou na memória saindo da repartição com vontade de lá ter que ir novamente. 

Estava suado e mal vestido , a chuva miúda , uma humidade incómoda que atrapalhava tudo , a juntar ao atraso habitual e à falta de estacionamento usual tinham-no colocado ali , além de despenteado , enormemente nervoso e ansioso como se estivesse na maternidade à espera de notícias de paternidade. Um horror medonho! Mesmo assim aguentou firme o tumulto interno e foi capaz de se fazer entender junto da sua interlocutora. Ficou surpreso pela forma rápida como foi atendido e mais ainda quando lhe comunicaram que o assunto estava resolvido. Ainda perguntou duas vezes:

- tem a certeza que está tudo regularizado ?!

- sim, esteja descansado. os colegas trataram de tudo. não se preocupe mais.

O tempo , esse , não dera tréguas com a chuva a continuar a cair caladinha mas persistente. Uma grande fila de carros esperava-o quase logo que saiu do lugar de estacionamento mas isso ajudou-o a relaxar contrariamente ao habitual. Podia conduzir devagar sem a costumeira preocupação com acidentes imaginários 




sábado, 19 de dezembro de 2020

 dias estranhos os que vivemos e de que ninguém escapa. Acabo a volta com os cães e sento-me para escrevinhar umas linhas na expectativa de encontrar alguma paz interior. Este mês de dezembro está a ser  , para mim , muito confuso. Ao Covid e às suas implicações , somam-se desencontros pessoais, crises de crescimento e questõezinhas da vida .

domingo, 10 de maio de 2020

Tenho dúvidas. São muitas mais do que as poucas certezas que amealho . Ainda agora , depois da volta matinal com o meu cão , me interroguei : o cão que veio foi o mesmo cão que foi?! Verifiquei as marcas físicas que o distinguem , a forma de andar , o seu reconhecimento do espaço doméstico e a obediência ao meu chamamento e , sim , era o meu cão , o companheiro fiel de todos estes dias , há quase dois anos.
Mas a incerteza permaneceu. Continuava com dificuldade em convencer-me que aquele cão prostrado no chão do escritório, como sempre faz depois dos passeios , era o meu de sempre. Olhei-o , uma , duas , vezes sem conta , tentando dissipar as suspeitas mas o nevoeiro interrogativo continuava a confundir-me o pensamento até que concluí que na verdade o cão que veio já não era o mesmo cão que daqui saiu . Nem eu. Também em mim se operaram mudanças

domingo, 26 de abril de 2020

Gosto de animais . De quase todos . Mais de uns do que outros , como é natural. Espanto-me com as coisas que fazem para sobreviverem , particularmente a extraordinária capacidade de adaptação às circunstâncias que os rodeiam , por vezes , bastante adversas .