Transcrito de um rascunho sem data-
Foi mais forte do que eu , foi quase automático , direi até. Só depois , algum tempo depois , quando ela começou a ponderar as razões da sua vinda até mim e recuou , uma outra vez , é que tomei consciência do que me tinha acontecido: o meu velho eu , o do solitário empedernido , tinha - se sobreposto ao meu eu presente e ao projecto de um novo eu que se começava a desenhar lentamente.
Por razões diferentes , ambos nos reencontramos com o passado .
- " Mandaste - me embora " - disse - me ela repetidas vezes (talvez como justificativo à sua própria decisão ) quando , mais tarde , a tentei (re)conquistar mas já não fui a tempo!
Se alguma vez tinha estado disposta a trocar a sua antiga paixão por uma nova paixão por mim , deixou de para isso estar disponível quando lhe disse , naquela tarde de domingo , que gostaria de ter um filho . Eu sabia que ela não podia nem queria , se pudesse , ter mais filhos.
" Fiquei estarrecida " - ter-me-á dito depois - "Fiquei sem chão no momento em que me disseste aquilo " , repetiu algumas vezes sempre que a conversa se encaminhava no sentido de descobrir as razões do nosso afastamento.
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