quarta-feira, 30 de novembro de 2016

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Sim , a vida é uma dádiva das estrelas
20 de Novembro de 2016 - domingo

O dia começou chuvoso e tudo indica que continuará assim até ao seu fim. Sinto-me hoje um pouco estranho , o que penso que se deve à noite de ontem e à presença da F. . Fico quase sempre assim depois de estar com ela . Na grande maioria das vezes , quando estou na sua presença sinto uma espécie de tensão , o que é um pouco inquietante e tenuemente confrangedor porque me prende as palavras e me limita os movimentos.
- Tens um fraquinho por ela - disse-me Francisco enquanto mexeu as brasas da lareira.
Um fraquinho?!, interroguei-me , mas passado um bocado admiti que certamente o Francisco tinha razão.

Atenção !

Não atire palavras ao vento
ele as levará
você ficará sem elas e
ninguém as apanhará

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Viajar

É bom estar dentro do silêncio!
Parece que entramos dentro de uma cápsula do tempo em direcção aos mais longínquos destinos que a memória e os sentidos encontrarem. Mesmo sentados no nosso sofá de todos os dias podemos viajar. É uma forma bem económica de o fazer

domingo, 20 de novembro de 2016

"Não serás como a palha que o vento leva."

Notícia do Público de 4Jan2010 , por João Cortesão  - «Morreu a cantora Lhasa de Sela» (37 anos )


Tão repentinamente como surgiu também assim partiu: Lhasa de Sela, cantora e compositora nascida em Nova Iorque, mas profundamente influenciada pela cultura mexicana, faleceu no dia 1 de Janeiro deste ano, aos 37 anos de idade, de um cancro da mama, contra o qual lutava há 21 meses. Deixou pai, mãe, irmãos, sobrinhos, e um culto de fãs indefectíveis, reflectido no milhão de cópias que os seus três discos venderam.
Desde a primeira vez que a sua voz se ouviu em disco que Lhasa surgiu aos melómanos como um ser vindo de outro mundo. Do seu álbum de estreia, La Llorona, composto a meias com o magnífico músico Yves Desroisiers, constavam apenas baladas cambaleantes, que versavam mitos pagãos mexicanos, amores de faca e alguidar, o sangue, a morte e as cartas que trazem a fortuna e a desgraça e nos traçam o destino.

Era um disco centrado na guitarra acústica de Desroisiers, com apontamentos de acordeão e banjo, mas que estava longe de ser "bonitinho", muito por força da voz de Lhasa, que dominava - ou assombrava, se quisermos ser exactos - cada canção: possuidora de uma voz grave mas ampla, Lhasa tão depressa conseguia soar ébria como apaixonada como vingativa como sensual. "La Llorona" cantava os mais velhos dos assuntos e Lhasa cantava-os como se existisse desde sempre, como se aquelas canções estivessem ali, há séculos, à espera de serem ouvidas. Não parecia ter 26 anos: parecia ser mais velha que Chavela Vargas, a diva mexicana com quem na altura foi comparada. Podia ter uma voz de veludo, mas aquele veludo conhecia todo o tipo de nódoas.
Irrequietude natural
O êxito de "La Llorona" foi rápido e surpreendente, em particular tendo em conta que em 1997 o mundo não estava propriamente virado para canções acústicas cantadas em espanhol. Mas além das canções, a própria Lhasa contribuiu para o sucesso do disco: não só era tremendamente bonita como tinha igualmente uma história pessoal incomum que contribuiu, nesses dias pré-YouTube, para o mito de "mulher misteriosa" que sempre a seguiu.
Filha de pai mexicano e mãe americana-judia-libanesa, Lhasa não cresceu como a maior parte das raparigas. Os seus pais eram nómadas, e ela passou os primeiros anos de vida com eles e os irmãos on the road entre os Estados Unidos e o México. Todas as noites, em vez de ver televisão, os irmãos faziam um teatrinho ou cantavam. Isto marcou-a ao ponto de após a digressão de "La Llorona" se ter juntado a um circo em França.
A sua história de vida valeu-lhe o epíteto "cantora nómada", mas quem teve oportunidade de privar com ela tem a impressão de o nomadismo não se dever a uma qualquer mania aventureira, antes a uma irrequietude natural e à incapacidade de conviver com a indústria musical. Numa entrevista à Roots World, na altura do lançamento do seu segundo disco, "The Living Road", em 2003, Lhasa confessava que depois da digressão do primeiro disco abandonara tudo para ir para França porque se sentia "a morrer". "Fiz tudo menos rapar o cabelo e tornar-me freira", acrescentou. A vida no circo, rodeada de alguns dos irmãos, era simples e repleta de tarefas, o que lhe agradava: "Acordo todos os dias com a minha sobrinha a dizer-me que me ama", dizia, com candura.
"The Living Road" era um disco mais complexo, com guitarras, banjos, melódicas. Mesmo sendo um disco mais opulento, com arranjos imaculados, soava ainda a uma carroça a desconjuntar-se na beira de uma estrada poeirenta, e voltou a merecer os encómios da crítica. 
Vasco Sacramento, produtor musical, convidou então Lhasa para uma digressão em Portugal por alturas do seu segundo disco, "The Living Road", digressão que na altura acompanhámos. Sacramento disse ontem, numa nota à imprensa, que "Lhasa de Sela não estava interessada no estrelato, na fama ou no dinheiro". Acrescentou ainda que Lhasa "parecia que cantava apenas por imperativo de consciência, sem grandes preocupações com estratégia de mercado", antes de lembrar, num toque mais pessoal, que Lhasa lhe falava sempre do bacalhau que comera em Xabregas.
Intensidade assustadora
Lembramo-nos do bacalhau em Xabregas, mas acima de tudo confirmamos essa impressão de que Lhasa cantava apenas por imperativo de consciência. Lhasa revelou-se ao início uma mulher distante, sempre acompanhada dos seus cadernos, com dificuldade em posar para fotografias. Não gostava que lhe fizessem muitas perguntas e no entanto, uma vez ganha a sua confiança, percebia-se que a sua distância era uma timidez congénita. 
Tinha o hábito de ouvir mais que falar e observava tudo à sua volta com uma intensidade que podia ser assustadora. Sabia deixar-se aproximar (deixou-nos conversar com a sua mãe, em quem depositava extrema confiança), mas precisava do seu momento de isolamento: antes do concerto da Aula Magna arranjou um cantinho onde fazer ioga sem ser perturbada pela banda ou por jornalistas - só a mãe podia estar ali com ela. Era sem dúvida reservada e intensa e tão doce quanto, ao que nos pareceu, assustada.
O terceiro disco, "Lhasa", do ano passado, cantado em inglês, nunca foi devidamente promovido e já foi afectado pelas condições de saúde. Por esta altura já Lhasa colaborara com os Tindersticks e com Arthur H, cantor francês, e era um nome mais que firmado. Segundo os seus representantes, Lhasa, que só conseguia fazer o que queria, como queria e quando percebia o que verdadeiramente queria, tinha planos de fazer um disco com temas de Violeta Parra e Victor Jara.
A andarilha morreu. O seu site, Lhasadesela.com, abre com uma fotografia dela, de costas, o rosto encoberto pelo cabelo a esvoaçar ao vento. Em fundo há uma longa estrada. O salmo dizia: "Não serás como a palha que o vento leva." Lhasa teve a coragem de o ser, e foi maior por isso.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Vivências

16 de Novembro de 2016

Recostado no sofá da pequena biblioteca/escritório , onde passo largas horas do meu tempo , vou tentando sintetizar as emoções vividas durante o dia que começou relativamente cedo e ainda perdura neste momento ( 23H15) em que escrevo. O momento é de silêncio e de escuridão exterior .
Neste processo interior , estou acompanhado por cigarros implacavelmente assassinos , disfarçados de bons e voluntariosos amigos .

Pela manhã , na Antena 2 , ouvi , algo incompletamente , a história de um angolano - Adolfo Maria - ex - alto dirigente do MPLA , hoje escritor e que , durante um certo período de tempo da sua vida ( quase um ano ) , no decorrer da guerra civil pós-independência ( 1976 ) se viu forçado ao anonimato e à solidão. Ele estava , por essa altura , num lado diferente do do MPLA e isso obrigou - o a fugir , digamos assim , para não ser preso , torturado e/ou morto. Contudo, foi uma fuga peculiar , porque consistiu na verdade numa auto-reclusão , num apartamento exíguo , de onde muito raramente saía . Estava portanto preso numa espécie de cárcere compulsivo , confinado a um espaço apertado , em que só a ausência de guardas o fazia distinguir de uma verdadeira prisão , segundo ele próprio relata.Nesta circunstância peculiarmente difícil , usou da memória para ocupar o tempo , escrevendo.
Levavam-lhe os mantimentos necessários e ali se manteve até que os ânimos acalmaram e lhe permitiram sair de Angola.
Por estes dias - Novembro de 2016 - vê essa parte da sua vida , adaptada a uma peça teatral com o nome: "Um pássaro é mais do que a sua jaula" , que estreará na Casa do Coreto , Carnide , Lisboa.

Circunstâncias tão difíceis moldaram , seguramente , esta pessoa para sempre, Como bem mencionava o encenador da peça - Guilherme Mendonça - a grande maioria das pessoas não passa , no seu tempo de vida , por dificuldades desta grandeza que , além do mais , tiveram efeitos na história de um povo , no caso , o angolano. Para grande parte de nós há dificuldades sim mas não deste tipo.

À noite , na RTP1 ,  graças à box , vi o primeiro episódio da série HUMAN , realizada por
Yann Arthus-Bertrand , francês, repórter e fotógrafo ambientalista , que tem uma vasta obra publicada ,  sejam livros , reportagens em revistas de relevo mundial ou filmes sobre a natureza . Para esta série/filme/documentário , que também se encontra no Youtube (o autor cedeu as imagens , gratuitamente), andou por mais de 60 países , durante mais de dois anos recolhendo  mais de dois mil depoimentos de pessoas com uma característica comum: uma marcante história de vida.
Ficamos num silencioso espanto a ver as imagens da TV. Um fundo preto , aveludado , serve de cenário às declarações daqueles que passaram ( ou passam ) por situações de dor , angústia , perda , fome , guerra , doença ou outra de extrema dureza ou privação. A par destas mensagens comoventes , imagens lindíssimas deste planeta que habitamos .

Quer o relato ouvido pela manhã , na Antena2 , quer o episódio passado na RTP1 , deixaram-me a pensar que a minha condição de vida , que é  , felizmente , a de muitas pessoas , é boa , pacífica e de qualidade , tão distante daquelas que ouvi e vi relatadas , na rádio e na televisão . Não tenho por isso , não temos nós , os que têm casa , família , pão na mesa , cama sob tecto seguro , trabalho e recursos suficientes  , nem o direito , nem moral para queixas ou reclamações fúteis.

Angola

A SIC passou hoje uma reportagem sobre Angola,

Retrato de um país com muitos recursos naturais mas cheio de pobres , governados por um tiranete , sua família e amigos que se perpetuam no poder deixando mais de 70% da população com menos de dois dólares por dia

As escolas não têm as condições mínimas , os alunos que as frequentam têm fome , não de conhecimento mas de alimento , pelo que , mais de 50% deles abandonam precocemente os estudos . Se os pais não têm dinheiro para comprar comida , que dizer de livros, cadernos ou lápis para os filhos .

Boa parte da população vive em casas de chapa , em bairros da lata. Outra nem isso tem . Ao mesmo tempo , em Luanda , o arredamento de um apartamento pode chegar aos 5.000 euros por mês.

Não há água canalizada ( mais de 80% das casas) e mesmo o acesso a pontos de água potável é difícil  de conseguir. As estradas , de um modo geral , estão em péssimo estado . Ter cuidados médicos é uma miragem para grande parte das pessoas

O Bairro da Tchavola , arredores da cidade de Lubango ( antiga Sá da Bandeira, sul de Angola) foi arrasado para dar lugar a um caminho de ferro e as pessoas quase não tiveram direito a realojamento , vivendo em casas feitas de chapa ou em tendas.

Na Catumbela ( província de Benguela) os jovens não têm trabalho , logo não têm futuro , sendo que muitos, são pais muito cedo , perpetuando - se assim a pobreza e a falta de futuro.

Angola tem um elevadíssimo índice de mortalidade infantil.

País desigual , com 25 milhões de habitantes , dos quais , 20 milhões vivem em situação de pobreza. Ao mesmo tempo , Angola tem um dos maiores consumos de champagne per capita do mundo. Luanda tem sido reabilitada a um custo gigantesco e exorbitante enquanto nas ruas , o lixo está por todo o lado , a céu aberto , fedendo e infectando. A grande parte da população urbana em Angola vive em bairros de lata ( musseques )

Nestes bairros não há centros de saúde , escolas , hospitais , creches . Os jovens não têm educação adequada e sem planeamento familiar , têm , com se disse ,  muitos filhos . Pobres criando pobres e pobres viverão.

José Eduardo dos Santos  vai nomeando os filhos , família e amigos para cargos de poder , beneficiando poucos , prejudicando quase todos

Nos hospitais , falta tudo menos os doentes . A febre amarela e o paludismo ( malária) têm morto muitas pessoas sem piedade. Os medicamentos são vendidos no mercado negro não existindo onde devem existir: nos hospitais e centro de saúde

A malária , que é o que tem morto mais angolanos , tem terreno fértil para progredir: o lixo não é recolhido porque o governo não paga a quem o devia fazer e as habitações não têm saneamento básico .

Neste cenário de gritante desrespeito pela vida humana , as despesas militares têm aumentado  e as da saúde e educação são reduzidas.

Os dinheiros que vêm do exterior em auxílio de tanta carência, são desviados pelos responsáveis dos organismos públicos que têm responsabilidades de o gerir e distribuir pela população

Quase não há oposição politica , por medo da opressão dos governantes e da sua polícia.

98% das exportações devem-se ao petróleo. Com a queda do preço do crude , a economia angolana passou por momentos de aflição e desespero. Há falta de imensos bens essenciais e quando os há , os seus preços aumentaram para valores proibitivos , principalmente  para quem deles mais necessita.

Rafael Marques , jornalista , que já esteve preso ( 6 meses ) , continua a levantar a sua voz contra a corrupção existente no país , muita dela com origem na família do ditador , que há 37 anos está no poder.  Os diamantes constituem outro negócio rentável , desta feita controlado pelos generais do MPLA

Os orgãos de comunicação social , quer os públicos quer os privados , nomeadamente a televisão , são controlados pelo regime , dificultando a tomada de consciência pelos habitantes do que realmente se passa no país.

Um país que tem tudo para ser um lugar promissor , tem um regime político que aperreia os que nele hoje habitam , comprometendo seriamente o seu futuro


sábado, 12 de novembro de 2016

I'm your man

If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you
If you want a partner
Take my hand
Or if you want to strike me down in anger
Here I stand
I'm your man

If you want a boxer
I will step into the ring for you
And if you want a doctor
I'll examine every inch of you
If you want a driver
Climb inside
Or if you want to take me for a ride
You know you can
I'm your man


Ah, the moon's too bright
The chain's too tight
The beast won't go to sleep
I've been running through these promises to you
That I made and I could not keep
Ah but a man never got a woman back
Not by begging on his knees
Or I'd crawl to you baby
And I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty
Like a dog in heat
And I'd claw at your heart
And I'd tear at your sheet
I'd say please, please
I'm your man

And if you've got to sleep
A moment on the road
I will steer for you
And if you want to work the street alone
I'll disappear for you
If you want a father for your child
Or only want to walk with me a while
Across the sand
I'm your man

If you want a lover
I'll do anything that you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you