sábado, 29 de setembro de 2018

«Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.»

Último terceto do tocante e belo 'Soneto de Fidelidade' de Vinicius de Moraes, que fala sobre o puro Amor que alguém nutre por outrem.

Lembrei-me do último verso , uma frase bastante conhecida , quando abrandei o passo e olhei o chorão , acabadinho de ser aparado . E que bonito ficou ! Todo charmoso , todo garboso , todo ufano com o 'cabelo' bem aparado e todo certinho ! Exactamente como nós , humanos , (os com cabelo) quando acabamos de sair do barbeiro: remoçados !
E essa frase tomou de assalto o meu pensamento . É mesmo como escreveu o Poeta , reflecti , mas relativamente a tudo ; não só ao Amor de um homem por uma mulher ( do Amor de uma mulher por um homem não sou a pessoa mais indicada para falar) mas a tudo o resto que nos atrai , emociona ou sensibiliza : tudo é ou pode ser infinito apenas enquanto dura . Seja esse 'infinito' uns minutos , umas horas , uns dias , uns meses, ...

Como a visão do chorão , que agora deixa que se veja a sebe da piscina , logo ali contígua e , mais longe um pouco , a vinha da quinta e depois , lá mais ao longe , outras vinhas , os pinhais e mais pinhais , o céu azul e tudo o que a imaginação nos permita.

"Quero que este instante dure toda a vida" , pensei então . Tempo ameno , céu azul , silêncio , paz interior , o 'Jimmy' deitado a meu lado como um cachorro bem comportado , parecendo até compartilhar comigo o momento e ... uma súbita e enorme vontade de dormir sobreveio.

Terei adormecido na sombra ampla do chorão , uns quinze minutos.

Eternos!




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