domingo, 14 de novembro de 2021

Não obstante a minha idade , continuo um ingénuo em inúmeras matérias. 

Se por vezes acho alguma graça e até  tiro algum prazer em ser assim , outras , porventura muitas para meu gosto , fico bastante irritado com isso . Nessas ocasiões sinto aproximar-se de mim um amigo invisível que , com ar reprovador, me chama à parte e me sussurra ao ouvido :

 - " Ó pateta , estás a ser imbecil  . Deixa de ser papalvo. Abre os olhos !  " 

Mas é coisa de nascença ! São daquelas marcas que vêm nos genes e que não saem facilmente. Ser genuinamente crédulo não é uma opção. Não escolhi ser crédulo. Se a vida me já ensinou a minorar a credulidade natural , tenho ainda momentos em 'caio que nem um patinho' , acreditando no quase ninguém acredita . Raramente consigo abrir os olhos em tempo oportuno e então , boa parte da realidade escapa - se -me deixando -me meio perdido, onde quer que me encontre. É uma sensação estranha e  desagradável .

Paradoxalmente , ou talvez não , dirão os psicólogos , sou um controlador , curioso e cauteloso. Quero quase sempre saber o que se passa à minha volta. Saber quem é quem e quem faz o quê  . Saber se para esta pessoa posso falar à vontade ou se para aqueloutra tenho de me conter. Tenho , digamos assim rápidamente, receio de causar má impressão e vontade de impressionar bem. 

Gostava de saber o que aquela pessoa ali ao fundo pensa de mim , matuto

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